06/06/2014

Bianca Pinheiro: Entrevista com a autora de Bear e Dora

"(...) foi um caminho sem volta e agora estou nisso até o pescoço e não me imagino fazendo outra coisa."



Olá tripulantes! Tudo bem? Voltamos com mais uma entrevista maravilhosa, dessa vez com a criativa quadrinista Bianca Pinheiro, autora de Bear, que será publicado pela Editora Nemo e promete repetir o sucesso que conquistou na internet, e de Dora, o projeto de quadrinhos que está em pré-venda no Catarse. Confiram mais essa matéria e conheçam um pouco do trabalho da Bianca.


Marcio R. Gotland: Bianca Pinheiro, quadrinista, autora de Bear, que será publicado em breve pela Editora Nemo, e de Dora, que está em pré-venda no Catarse. Fale sobre suas produções:

Bianca Pinheiro: Oi, Marcio! Bom, BEAR é o trabalho pelo qual sou mais conhecida, acredito. É uma webcomic publicada semanalmente (toda terça-feira) e semanalmente tem uma página nova pra ler e que, por ser uma história de aventura bem tranquila, ela pode ser lida por qualquer pessoa, de qualquer idade, mas isso não significa que eu vá deixar de colocar ideais nos quais acredito na história, mesmo que seja de maneira sutil. Dora, por outro lado, é uma HQ sobre algumas coisas que se passaram na minha cabeça no ano passado, não quero falar muito para não soltar spoilers, hehehe, mas está sendo a marca da minha volta para o papel na hora de fazer quadrinhos. eu já estava desacostumada a desenhar com lápis e nanquim e isso tem sido uma experiência maravilhosa e assustadora ao mesmo tempo. Também publico, com a Fefê Torquato e o Lielson Zeni HQs, curtas no tumblr “A Vaca Voadora”. É nosso laboratório de experimentação, somos livres pra pirar e experimentar em todos os espaços que a História em Quadrinhos nos oferece. Aí variamos em temáticas e estilos, é bem prazeroso. E por fim, tenho também algumas histórias curtas já publicadas no meu tumblr desde 2012, mas essas são mais desconhecidas.


M.R.G: Fale sobre suas expectativas com relação a transição do digital, que parece ser sua grande mídia, para o impresso, como está acontecendo com Bear, sucesso na internet:

Bianca Pinheiro: As expectativas são grandes, hahahaha! Na verdade, quando comecei BEAR eu nem pensava em imprimir, o objetivo era que fosse apenas digital, mas aí os leitores começaram a pedir versão impressa e logo em seguida a Editora Nemo apareceu perguntando se eu gostaria de imprimir com eles. Foi perfeito! No entanto, meu grande medo, a princípio, foi com o formato, porque as páginas de BEAR na internet são compridas e eu tinha medo que esse formato não pudesse ser mantido na versão impressa. Mas que nada! Eles foram super atenciosos e a HQ impressa terá as mesmas proporções da digital! Agora, as animações que têm em algumas páginas não tem jeito, hehehe, várias pessoas me perguntaram como ficarão as animações na versão impressa, mas a verdade é que todas as animações em BEAR são feitas de modo que fiquem contínuas e que elas não sejam essenciais para o desenrolar da história. São mais um agrado visual do que um aspecto de suma importância, então acredito que a versão impressa desse primeiro capítulo de BEAR tenha tudo pra dar certo.


M.R.G: Quem é Dora? Como surgiu a ideia de fazer essa HQ?

Bianca Pinheiro: Dora é uma história que veio surgindo na minha mente no ano passado, se não me engano. Começou quando eu vi aquele clipe do David Guetta, “Titanium” e me peguei pensando que interessante seria uma história sobre uma criança com habilidades incompreensíveis, pouco depois, estávamos numa onda de assistir Lost de novo, desde a primeira temporada. Talvez você se lembre - se tiver assistido Lost - mas tem um garoto, Walt, que também tem habilidades inexplicáveis e assustadoras para os outros, eu não me lembrava disso, mas foi mais uma semente de inspiração plantada na minha mente. O mais curioso é que, pra Gibicon, eu planejava lançar outra HQ, uma que fosse uma coleção de sete histórias mudas, mas Dora foi tomando forma de tal jeito que ocupou totalmente a minha mente e eu não conseguiria fazer mais nada enquanto não a colocasse no papel, então, em resumo bem resumido e bem por cima: Dora é sobre uma mãe que tem uma filha “diferente”. A história parte daí, e eu espero que seja legal de ler!


M.R.G: Dora está em pré-venda no Catarse. Explique como o leitores podem contribuir com esse projeto e transformá-lo em livro? E o que, de fato, o leitor receberá em suas mãos?

Bianca Pinheiro: Exatamente! O Catarse é um site de financiamento coletivo, ou seja, serve para que alguém que tenha um projeto em mente, mas que não tenha capital para colocá-lo em prática consiga pedir ajuda de outras pessoas para tornar o projeto viável. É como uma vaquinha, todo mundo que se interessa pelo projeto contribui tornando-se financiador do projeto em questão, é bem interessante. Em contar que a pessoa já garante algumas vantagens. No caso de Dora, com contribuições a partir de R$ 20,00 você já recebe o livro impresso em casa. Dependendo do valor, quanto maior for, maiores são as recompensas em retorno. E como eu quero lançar o livro na Gibicon desse ano, que será no comecinho de Setembro, quem contribuir já sabe que ainda esse ano receberá o livro em mãos.
Visite o Catarse e saiba como fazer parte desse projeto: http://catarse.me/pt/dora


M.R.G: Fale sobre sua formação, tanto acadêmica como de vida, e como sua trajetória a levou a produzir quadrinhos:

Bianca Pinheiro: Bom, eu sou apaixonada por quadrinhos desde criança, aprendi a ler com a Turma da Mônica, então já era meu sonho fazer quadrinhos quando eu crescesse. Mas não havia curso superior em quadrinhos, então eu fiz Design Gráfico. Na época da faculdade eu fiz um fanzine em estilo mangá que vendeu tudo e não me resta nem mesmo um pra contar história, mas infelizmente parei de ler e de fazer quadrinhos logo depois disso. O meu TCC - que foi uma HQ de adaptação de um livro do Pedro Bandeira - acabou me deixando estressada demais, fiz tudo errado, botei as minhas energias nas coisas erradas e o processo acabou se tornando mais estressante do que gratificante. Entrei no curso de Letras tão logo me formei em Design e seguia trabalhando como designer, mas, as coisas mudaram quando surgiu no meu e-mail uma vaga para trabalhar como ilustradora, algo que eu nunca tinha feito, corri o risco, larguei o emprego que tinha pra ir desenhar e a partir daí não parei mais, faz quatro anos que não trabalho mais com design, só com ilustração. Tendo voltado a desenhar diariamente, voltar para os quadrinhos foi um pulo, e um pulo maravilhoso, porque conheci outras coisas além do mangá, da Turma da Mônica e dos quadrinhos de herói. Voltei a sonhar: quero fazer quadrinhos. Aí me deparei com a pós-graduação em Histórias em Quadrinhos que havia aqui em Curitiba, larguei Letras no segundo ano pra me dedicar somente à pós-graduação, por causa dela fui obrigada a produzir mais e entrei em contato com gente do mercado de quadrinhos nacional, foi um caminho sem volta e agora estou nisso até o pescoço e não me imagino fazendo outra coisa.

M.R.G: Quais são suas principais referências artísticas e literárias?

Bianca Pinheiro: Hum… dos quadrinhos são Emily Carroll, Chris Ware, LM Melite, Rafael Coutinho, Laerte Coutinho, Craig Thompson, Tom Gauld, CLAMP, Noelle Stevenson, Josceline Fenton, Lourenço Mutarelli… ah, é muita gente! Gosto também dos filmes do David Lynch. Oh! E séries! Assisto mais séries do que seria saudável. De literatura eu vou desde Harry Potter até Clarice Lispector, por exemplo. Me inspiro também em desenhos animados como Hora de Aventura, Meninas Super Poderosas, Laboratório de Dexter, e jogos, da Nintendo, principalmente: Pokémon, Zelda, Mario…


M.R.G: Fale um pouco de sua rotina e de sua relação cotidiana com os quadrinhos:

Bianca Pinheiro: Bom, Dora eu raramente consigo desenhar de manhã, não sei o que acontece, mas não consigo. Geralmente é à tarde que produzo. BEAR e a Vaca Voadora eu acho mais fáceis de começar a desenhar desde a manhã, mas o que realmente funciona pra mim é o método do trabalho por uma recompensa, eu digo pra mim mesma que se eu terminar X páginas naquele dia eu posso fazer uma dungeon de Zelda ou ver um episódio de Orphan Black, funciona bem pra mim na hora de vencer a preguiça e a vontade de procrastinar.

M.R.G: Links para quem desejar conhecer mais sobre seu trabalho:

Bianca Pinheiro: Aqui tem as minhas primeiras HQ: http://bianca-pinheiro.tumblr.com/hqs BEAR: http://bear-pt.tumblr.com A Vaca Voadora: http://avacavoadora.tumblr.com
E é isso, na verdade...

M.R.G: Uma frase para encerrar a entrevista:

Bianca Pinheiro: “É bom fazer quadrinhos.”



Agradeço a Bianca Pinheiros por conceder essa entrevista e desejo muita sorte em seus projetos. Agradeço, também, aos leitores e peço que indiquem o blog para os amigos, e apoie mais um projeto de quadrinhos nacional.



Marcio. R. Gotland
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